Sobre o contrário da vida..

É só no devido momento que as coisas fazem sentido. Já perdi alguns avós, mas a tristeza é diferente - leva-se em conta a vida já vivida, a idade e a saúde frágil, a morte vem com certo teor de aceitação, pelo menos de quem não era tão próximo.

O que estou sentindo com a morte da minha amiga é novo. É choque. É mergulho num mundo de sensações que eu não conhecia...

Pensar em tudo que se sonhou, em todos os planos, em toda a vida desejada e inesperada... Pensar num aborto de tudo o que constitui os desejos de uma jovem de 24 anos... e pensar na forma trágica como tudo aconteceu, pensar na dor que ela sentiu, me faz perceber o quão imprevisível é a vida e a morte. Não há escolha. Não há aviso.

Pensar no "pra sempre" é consolador. Ela para sempre estará em nossos corações, e para sempre será lembrada pelas coisas boas que sempre transmitiu. Para sempre será a minha amiga "safada", a maga... É o "nunca mais" que machuca e contorce o coração, quebrando-o a cada vez que a ideia da ausência aumenta. É o "nunca mais" que faz chorar, que faz sofrer...

Pensar nos encontros que não voltarão a acontecer, pensar no espaço vago que ficará nos encontros do Clube da Luluzinha... Pensar que nunca mais irei vê-la sorrir com os olhos cheios de lágrimas - que fazia lembrar o "Gato de Botas" quando com manha. Pensar que não vou vê-la feliz com seu príncipe encantado, vindo num cavalo branco... Pensar que não vou vê-la viver tudo aquilo que ela sempre sonhou, me faz estremecer diante da impotência que temos sobre a vida em morte.

O "nunca mais" é triste, muito triste, a afasta de nós; mas o "para sempre", esse sim é valoroso, ele a mantém por perto a todo instante - nas lembranças, e no coração.